HAU 2: 8 de abril, 21 horas / 9 de abril, 20 horas
Cia. Ângelo Madureira
e Ana Catarina Vieira, Recife / São Paulo
»Baseado em Fatos Reais«
Estreia na Europa
Conversa com o público: 9 de abril, após a apresentação
“Baseado em Fatos Reais” levanta a questão da memória do presente, pois não é possível voltar no tempo. Uma lembrança dita ou retratada de um certo passado é constituída apenas de fragmentos do que se passou, é como o corpo pode retratar o que aconteceu no exato momento do agora. Por isso, estamos sempre nos baseando em fatos que já aconteceram ou não, para contar nossas histórias "reais".
O processo de pesquisa que se iniciou em “Somtir” (2003), “Outras Formas” (2004), “Como?” (2005) e “Clandestino” (2006) abriu-se em uma nova etapa, formada por uma trilogia. A primeira obra dessa trilogia foi “O Nome Científico da Formiga” (2008), e a segunda, “O Animal Mais Forte do Mundo” (2009). Ela agora se completa com a mais recente criação de Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira, “Baseado em Fatos Reais” (2010).
O método de pesquisa empregado na trilogia foi o da montagem. A partir de 1800 fotos da dupla, os materiais originais das suas quatro primeiras obras foram recortados e rearranjados, resultando em uma ampliação do vocabulário que vinha sendo desenvolvido. Nesta criação – “Baseado em Fatos Reais” - o elenco se ampliou ainda mais. Os materiais se reorganizaram a partir da história e vivência de cada um dos artistas que compõem o elenco desta obra.
A maior parte do que se vê em “Baseado em Fatos Reais” acontece no momento em que se apresenta. Seu material coreográfico vai se construindo e se reconstruindo ao longo do trabalho, o que permite que se perceba as diferentes histórias de cada um dos corpos na sua relação com a linguagem dos coreógrafos Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira. Assumir a sua condição real, deixar de representar algo para começar a apresentar a sua própria vida e a sua realidade: a obra deseja levar o público a repensar o que significa viver em um mundo cada vez mais apoiado em imagens que modelam os nossos desejos e condicionam os nossos comportamentos.
Durante a criação e montagem, cada artista foi estimulado a experimentar intensidades, volumes, respirações, tempos e lugares de uma mesma partitura, através das fotografias, o que desencadeou um processo evolutivo individual.
Dada a natureza dessa pesquisa, surgiu a inquietação com relação ao modo de apresentá-la. Existem formatos diferentes dos de um espetáculo, no qual artistas mostram e público assiste? Quais são as possibilidades formais de se compartilhar um processo de pesquisa que intenta aproximar arte e vida? “Baseado em Fatos Reais” formula-se nesse viés que, possivelmente já insinua um outro desdobramento daquilo que o produziu.
Ângelo Madureira - Membro da família Madureira, tradicional família de artistas de Recife, Pernambuco, iniciou sua formação em dança aos 3 anos, na vivência do dia-a-dia com os artistas populares e os da sua família. Durante 7 anos foi solista do Balé Popular do Recife, participando de turnês pelo Brasil, Estados Unidos, França, Holanda, Bélgica e Canadá, entre outros. Em 1995, assumiu a direção e a coreografia do Balé Popular do Recife. Em 1997, foi convidado a ingressar na Cia. Teatro XPTO, em São Paulo, onde participou como intérprete e coreógrafo de “Buster”, “O Enigma do Minotauro”, “Coquetel Clown” e “Além do Abismo”. Em 1998, ganhou a Bolsa de Pesquisa Rede Stagium, com a qual produziu seu primeiro solo, Delírio. Com Ana Catarina Vieira, aprofundou seus conhecimentos de balé clássico e, a partir de 2000, iniciou o processo de pesquisa de linguagem em dança contemporânea com Ângelo Madureira produzindo o vocabulário apresentado nas suas criações.
Ana Catarina Vieira - Iniciou seus percurso em dança aos oito anos de idade. Estudou método Vaganova com Sacha Svetloff, responsável por sua formação artística, e dedicou-se também ao condicionamento físico e à ginástica olímpica. Andrei Koudelin e Boris Storojkov também foram seus professores. Formou-se em Danças Populares Brasileiras com Ângelo Madureira e em Danças dos Orixás com Armando Vallado. Em 1998, foi convidada a fazer parte da Cia. Cisne Negro, onde permaneceu por cinco anos e atuou como solista, se apresentando nas principais cidades brasileiras e em países como a Argentina, Alemanha, Estados Unidos e Chile. Trabalhou com coreógrafos como Patrick Delcroix, Mark Baldwin, Itzik Galili, e Marc de Graef, dentre outros. No ano de 2000, iniciou o processo de pesquisa de linguagem com Ângelo Madureira produzindo o vocabulário apresentado nas suas criações.